terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Camisola


Há círculos de cor no teto do quarto
Movimentam-se com o olhar
Dançam enquanto conto os beijos que guardo nos bolsos
Como quem conta rebuçados
Sem ninguém ver
Os círculos estão presos no teto como eu no chão
E queria que todos os pudessem ver
Mas se fecho os braços
Desaparecem
E com a fome de não de não os perder
Vai-se a inocência de que as cores existiam para mim
E com a inocência
Vão-se os beijos
E fico com os bolsos vazios
E estou sempre com os bolsos vazios
E quero tanto que rasguem para os encher!
Pintei o teto com as missangas desta camisola
Que serve o meu corpo como o gelado mais doce do Verão
E as missangas foram coladas em casa
E a inocência está estampada nelas
E a maldade está no recheio que me cobre os dentes
(comi os rebuçados e continuo com fome)
E a camisola és tu
E o recheio é deles
Sabe mal


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